Acho que esse era o dia mais importante da minha vida: Renata ia se casar! O casamento dela se tornou mais importante que o meu, já que fui me afastando desse sonho e não encontrava um cara bacana, mesmo. Mas com toda a certeza do mundo, ir ao casamento da minha melhor amiga era simplesmente um escândalo, algo realmente imperdível. Cheguei a São Paulo, minha amada terra na sexta-feira por volta do meio-dia. Consegui uma folguinha no trabalho na sexta e ia voltar só na segunda à tarde. Queria ter tempo de passear, de participar da despedida de solteiro do noivo, e acompanhar o desenrolar do grande dia para minha mais que amada amiga.
Renata e eu nos conhecemos na sétima série. Foi amizade à primeira vista. Era uma amizade bem clichê mesmo: o nerd pobrinho que tinha bolsa no colégio e a moça riquinha e simpática. Sentei-me ao lado dela e só fomos desgrudar no fim do terceiro ano. Isso porque escolhemos carreiras diferentes, do contrário, estaríamos juntos na faculdade também. Grande parte desses anos de companhia foram dedicados pelo simples amor, carinho e amizade que eu podia sentir a uma garota tão especial quanto ela. Fizemos parte de grandes momentos na vida de cada um. Foi com ela meu primeiro beijo e minha primeira relação sexual com mulher. A primeira pessoa que eu contei que gostava de meninos foi a Renata. E guardei a sete chaves o segredo de que ela já tinha ficado com meninas. Tínhamos muitos segredos e tínhamos uma cumplicidade ímpar. Eu sabia que sempre existiram outras amigas na escola, mas a minha amizade com ela transcendeu àquelas barreiras e carregamos por anos sem fim. Justamente por isso que eu fui convidado para ser o padrinho dela. Estava extremamente contente. Sempre achei que ela merecesse, e depois de sete anos de namoro, já era a hora do Luciano finalmente desposá-la.
Cheguei em Sampa, peguei um ônibus até o Metrô Tatuapé, e depois peguei mais um metrô até a Avenida Paulista, onde desci na Estação Consolação. Caminhar na Paulista era uma das coisas mais prazerosas de se fazer em Sampa. Um lugar agradável, perto dos prédios mais elegantes da minha amada metrópole, sem contar na elegância que as pessoas se vestem, principalmente no inverno. Segui andando até a Rua Frei Caneca, duas quadras abaixo do metrô Consolação e segui muitas quadras rua adentro para encontrar onde eu tinha alugado minha roupa de padrinho. Só me dei ao trabalho de me arriscar em alugar uma roupa pela internet, porque a família da Renata estava patrocinando o aluguel. Aliás, tudo indicava que seria uma festança essa, patrocinada pela família dela. E do noivo também.
Peguei o terno, passei na Livraria Cultura, e em seguida fui ao Starbucks do Shopping “Center 3”. De posse do meu café, sentei-me no banco na entrada do Shopping fiquei quase duas horas observando o movimento intenso de pessoas. Como era incrível o numero de pessoas andando para todas as direções. Como sempre brinco com uma colega de trabalho: “Por mais que eu goste de Curitiba, por mais que eu ache Curitiba lindinha, certinha, organizadinha, eu não consigo (e tampouco desejo) abandonar Sampa. Não existe comparação, porque Sampa está fora de escala, é uma grandeza tão intensa que chega ser incomparável”.
Depois de matar uma saudade bem pequena de São Paulo, decidi contatar Renata e avisar que eu tinha chego. Depois de alguns toques de telefone ela atendeu:
— Biiiiiiicha! Você veio!
— Não perco este casamento por nada neste mundo... Estou feliz por ti. Já peguei o terno e estava aqui admirando a Paulista por um tempinho...
— Sei... Secando os bofes todos, neah?!
— Para, retardada... Nem sou tudo isso — desconversei — Então, que horas é a despedida de solteiro?
— Ai, Pedro, vem correndo! Vem pra casa, e daí nós vamos pra casa da Let, e de lá nós vamos para O Clube das Mulheres, uhuull!
— Pera aew, para tudo! Como assim Clube das Mulheres??? Onde o Luciano vai fazer a despedida dele?
— Ai, sei lá, Pedro... Você num vai vir com a gente?
Respirei fundo... Eu não faço o tipo bicha louca pintosa. Tampouco estava pensando em ficar em um lugar apertado, cheio de mulher histérica ensurdecendo-me só por uns go-go boys sem graças. Eu quero muito mais que corpo. E queria sim fazer parte do Clubinho do Cebolinha. Pelo menos uma vez na vida seria interessante. Ela ficou “chateada” e logo tratei de dizer-lhe que não tinha crise. Ela que conseguisse me dizer aonde o Luciano ia. Disse que ligava mais tarde e desligou. Quando olho para frente, mal posso acreditar quem estava ali, parado, esperando por mim.
— Fernie! — exclamei surpreso.
— Pedro! Você está em Sampa! — e corremos pro abraço. Fernie, quero dizer, Fernando, é um ex-namorado fofinho que eu tive. Era bem baixinho perto de mim, fortinho (nem magro nem gordo), sorriso lindo e barba por fazer. Um anjo. Contei um reencontro com ele em outro conto aqui na Casa dos Contos. — Por que não avisa aos amigos que vem seu coiso!
— Eu gosto de fazer surpresas — e sorri pra ele. Como era encantador o seu semblante. Seus olhos castanhos claros eram lindos — Estou indo a um casamento...
— Ao seu??? E nem me convidou? — Fernando espantou-se.
— Nah! Cê ‘tá louco? Num é o meu não — e sua expressão melhorou — minha grande amiga vai casar...
— A Renata? Que bacana!
Perguntei-lhe do trabalho, da família, da vida. Ele me respondeu que tudo estava calmo, sem muitas novidades. Aproveitando que estava em Sampa, marquei com ele um café para o sábado, já que eu estava livre, pois o casamento só vai rolar no domingo e a despedida é na sexta à noite. Ele olhou com a mesma carinha de safado de anos antes, e concordou conquanto que fosse no café perto da faculdade onde ele estudou. A minha resposta, depois duma risada cínica foi um “claro, com todo o prazer” já que não existia um café perto da faculdade. Encontrávamo-nos num motel perto de lá. Abracei Fernando forte, ele precisava ir embora.
Acabei indo para um hotelzinho que eu sempre ficava quando eu namorava alguém de outro estado, e precisava hospedá-lo em Sampa, no tempo em que minha mãe não curtia muito a ideia de ter um filho gay. Coube a mim saber esperar ela aceitar, e encontrar meios de tocar a vida. O hotel era a coisa mais fofa, ficava na Estação Paraíso, umas duas quadras do metro, eu conhecia o gerente havia bem uns três anos. E ele era camarada, dava desconto, não cobrava café da manhã, dava um jeito de me reservar. Nunca tive problema. Feito o check-in, fui para o quarto, pendurei a roupa e tirei uma soneca. Quando acordei, isso já era mais de oito da noite.
Liguei para o noivo, que me atendeu super-bem, por mais que tivéssemos nossas diferenças. Disse-me que iria se encontrar com os amigos às dez da noite no “Café Paris”, na Rua Augusta.
— De café, o Café Paris nada tem, estou certo? — perguntei sarcasticamente.
— Moleque esperto! — e caímos na gargalhada. Confirmei presença, e fui tomar banho. Desci na recepção, conversei um pouco com o gerente do hotel, um polaco, bem branco dos olhos bem azuis, tiozão com seus quarenta e tantos, sempre sorridente. Saí e como estava cedo, fui andar até a Augusta. Tinha decidido que faria minha refeição por lá mesmo.
O que mais me chama a atenção na Rua Augusta é como a diversidade coexiste de forma tão maluca e ao mesmo tempo tão harmônica. Existem “n” tipos de restaurantes, “n” tipos de bar, e muitas casas noturnas e “cafés”, e as pessoas não se matam por serem tão diferentes e estarem uma ao lado das outras. Sempre brinco para quem nunca foi até lá, dizendo: “Na Rua Augusta você pode comer de tudo... De tudo mesmo”. Literalmente. Jantei num restaurante libanês charmoso e segui para o “Café Paris”.
O que eu já esperava: dançarinas se esfregando no “pole” do metrô (brincadeira, rs), drinks com cores exóticas e muitas primas. O que surpreendeu: até que o lugar era organizadinho. Achei que seria uma pocilga sem igual. Não demorei muito para encontrar Luciano e trupe. Na verdade, eles me encontraram, porque eu já estava lá quando chegaram. Cumprimentei a rapaziada com um rápido aceno, e só o Luciano se propôs a me abraçar. Agradeceu-me por ter vindo, e disse estar muito contente com a minha vinda, e principalmente por fazer parte do sonho da Renata. “Por ela eu faria qualquer coisa”, foi o que respondi.
Sentamos à mesa reservada para nós, um grupo de dez rapazes, pseudo-solteiros comemorando o “game over” dum dos nossos. O interessante neste café, é que as mesas grandes como a que estávamos, tinha um pole no meio, e moças iam revezando de mesa em mesa, dançando para os lobos famintos. Começamos a entornar a cerva e a mulherada a dançar. Confesso que não é o meu tipo preferido de carne, mas, estava sendo gostoso observar como os outros homens da mesa reagem ao ver uma moça bonita dançando e se insinuando. Eles faziam caras e bocas de lobos-maus, literalmente. Mais uns drinks, mais umas moças, e alguns de nós já estavam desistindo. Três foram embora, dois tinham ido ao banheiro. Consegui me aproximar de Luciano, conversamos um pouco sobre banalidades, falamos dum passado distante, quando ele me arrumou um emprego na empresa do pai dele.
Mais drinks, e eu agora já tinha parado. Luciano virava os copos freneticamente, como se fosse a ultima vez que fosse beber. Já estava ficando tarde da noite, e só sobramos ele e eu. Seu ultimo amigo pediu para que eu cuidasse dele, porque ele estava indo. Aceitei um ultimo shot de tequila, rimos a beça, comentamos sobre mulheres, sobre as mulheres que dançavam, e ele falou:
— Véio, na boa... Eu não aguento mais beber.
— Percebi... Você já está falando mole.
— Precisamos ir embora, então...
— ‘Tá, Luciano. Como eu vou te levar pra tua casa?
— Podemos ir para a sua? — e fixou o olhar por um instante. Respondi que não tinha problemas, mas, se ele quisesse, eu o levaria numa boa — Não... Eu quero passar a minha ultima noite de solteiro contigo, meu amigo.
Eu não deveria, mas amoleci meu coração. Ainda que eu estivesse carregando um marmanjo do meu tamanho, eu não podia negar que tinha gostado que ele tivesse me chamado de amigo. Mesmo com tudo o que já passamos. Aguentei carrega-lo até metade da Avenida Paulista. O metrô já tinha fechado, e nunca pensei que Luciano fosse tão pesado. Coloquei-o num taxi, e fomos para o hotel. Chegando lá, meu amigo gerente não aprovou muito aquela invasão, prometi recompensá-lo depois. Levei Luciano para o quarto. Lá, tirei seus sapatos, e desafivelei seu cinto. Ele começou a me abraçar, e a esfregar suas mãos enquanto murmurava:
— Você deixa, Pedro... Você deixa?
— Deixo o quê, Lu?
— Deixa eu realizar um desejo antigo, Pedro... — falou meio mole — Deixa eu comer a sua bunda linda, vai Pedrinho... Eu ‘tô louco de vontade faz tempo... — e continuou se esfregando em mim.
Confesso que de começo a ideia me foi estranha. Mas foi porque a Renata não estava ali. Uma coisa que precisa ser dita é: certa vez Luciano, como qualquer homem hétero no mundo, decidiu realizar o sonho do “ménage à tróis”. Ela concordou em colocar uma mulher na relação uma única vez, com a condição que ela tivesse a oportunidade de transar com dois homens de uma vez. E não podia ser qualquer homem, não! Tinha que ser eu. Exatamente, meu querido leitor, enfiaram-me num ménage uma vez. Entendem agora o que eu disse com “faço qualquer coisa por esta amiga”? O curioso foi que daquela vez, há muito tempo atrás, não rolou um contato físico entre o Luciano e eu. Ficamos bem “distantes”, satisfazendo os desejos da Renata. Agora ele me apareceu com essa.
— Vai Pedrinho, por favor... Você sabia que você tem uma bunda linda... Que vontade Pedro, de socar a vara uma vezinha, só...
Okay, estava começando a achar que tudo foi premeditado e que ele não estava tão bêbado assim. Mas o que eu podia fazer? O cara era bonito, e eu sabia que tinha um caralho bacana. “Quem sai na chuva é pra se molhar, não é mesmo”?
Fui tirando a camisa dele, e depois a camiseta debaixo. Sussurrei-lhe que meu presente para ele seria aquela noite, e ele me agarrou gemendo alto. Arranquei minha roupa com uma velocidade incrível. Luciano então segurou meu rosto com as duas mãos, e beijou-me com voracidade e força. Sentia sua língua quente e áspera, se debatendo na minha boca. Ele se esfregava em mim com força, e me apalpava. Deitei-me de bruços na cama, e ele foi logo caindo em cima. O cara parecia um leão, dominando sua presa. Luciano chupava minha nuca, pescoço, e beijava-me enquanto rebolava com seu quadril pressionado em minha bunda.
— Posso? — sussurrou em meu ouvido.
— Mete....
— Eu não ouvi...
— Mete, porra!
— Porra é o que você vai ganhar no final — e deu uma senhora cusparada no pau, ajeitando na entrada do meu cu. Forçou um pouco, e eu pedi que tivesse calma. Ele tirou deu mais uma cuspida, e colocou de novo. Aquele caralho estava causando prazer. Sentir-se invadido por ele foi sublime. Talvez pelo longo período de abstinência em Curitiba, mas ele socava com vigor. O vai e vem alucinante estava enlouquecendo-me. Ele mordia minha orelha, e fungava em meu pescoço, enquanto metia, e metia fundo na minha bunda. Que delicia! Luciano apertou suas mãos em minha cintura e começou a estocar mais e mais rápido quando anunciou:
— Vou gozar! — e gemeu alto, num suspiro deu a última estocada funda inundando minhas entranhas com sua porra. Virou-se de lado ofegante e pediu-me um beijo. Atendi, e fui ao banheiro me limpar. Tomei uma ducha rápida, achei que ele viria junto. Quando voltei para o quarto, o fanfarrão estava roncando, no décimo sono. Limitei-me a rir “da desgraça”, encobri-lo com uma coberta, e fui dormir na cama de solteiro que tinha lá. Aquele fim de semana prometia.
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